Quais São Os Tipos De Tratamento Para Dependentes Químicos Mais Indicados?
A pesquisa foi publicada em 2014 no periódico Journal of Psychopharmacology e acompanhou 75 dependentes que usaram a ibogaína, incluindo André. "Fiquei extremamente recaído, deprimido e entrei no fundo do poço. Os próximos 14, 15 anos foram os mais difíceis da minha vida, pela imersão nas drogas. Tudo aconteceu, fiquei muito tempo desempregado, acabou o dinheiro, estava bem mal", diz o economista. Nunca quis se desviar do caminho e, quando começou com as drogas, ainda tinha a consciência de parar. Sabia a hora de voltar para casa, dormir e acordar descansado para trabalhar no dia seguinte. "Comecei com a cocaína de maneira mais comedida, de fim de semana, até que chegou o momento em que vi que queria usar mais."
Ao longo do processo, tanto o interno quanto a sua família passam por uma trajetória de enfrentamento e de redescoberta. É sobre lançar um olhar livre de preconceitos e oferecer o apoio que o dependente tanto precisa para recuperar o controle da sua vida. Diante disso, é indicado evitar o confronto, convidar o indivíduo à reflexão e, aos poucos, remover as barreiras propondo medidas de controle dos danos. A abordagem escolhida, por sua vez, irá depender dos sintomas, do grau de dependência, da estratégia de tratamento e da individualidade de cada um. Não tenho o que reclamar da casa despertar, meu irmão esteve internado duas vezes, uma voluntária e outra involuntária, agora estamos lutando com para vencer e a casa despertar muito me ajudou nestes momentos bastante difíceis. O que fazer qdo a recaída vem mais forte do que era antes da internação e as condições financeiras não conseguem alcançar o tratamento?
A pessoa dependente geralmente apresenta mudanças progressivas de comportamento, que fazem o organismo se adaptar à droga. Este estágio é o que possui maiores desafios para o dependente químico, pois a manutenção possibilita conferir se os comportamentos e ações da fase anterior de fato levaram o indivíduo ao processo de mudança. Neste momento, é apropriado abrir uma discussão sobre os prós e contras do uso de drogas, ajudar o paciente a perceber os benefícios de largar o vício, assim como apresentar grupos de apoio, instituições e programas de reabilitação. A contemplação é a etapa de consciência do problema relacionado à dependência química.
De acordo com Oliveira et al. (2003), este achado é relevante por ir de encontro à visão de muitos profissionais de saúde e dependentes químicos, que consideram que quem tem um grau mais severo de dependência é mais difícil de ser tratado e possui um pior prognóstico. Tal percepção pode interferir na atuação desses profissionais e na motivação desses dependentes químicos na busca por tratamentos mais efetivos. Os resultados do estudo realizado por Oliveira et al. (2003) mostraram uma correlação positiva entre maior gravidade da dependência química e motivação para a mudança.
As clínicas especializadas para dependentes químicos oferecem muitas abordagens para o tratamento nas várias partes do ser humano sendo biológica, psíquica, social e até mesmo espiritual. Tais estratégias devem levar em conta ainda dois agravantes, a baixa adesão e a falta de motivação para o tratamento, os quais acarretam frequentes recaídas. Segundo Magrinelli e Oliveira (2006), é consenso na literatura mundial o alto índice de recaídas dos indivíduos dependentes, independentemente da modalidade e do número de tratamentos a que eles se submetem ao longo de suas vidas. Nesse sentido, a motivação mostra-se um fator de relevância em relação à adesão ao tratamento. Segundo dados fornecidos pelo local, o hospital possui 16 leitos para internações de usuários dependentes de drogas, sendo que cada usuário permanece internado por 21 dias (usuários de crack ficam internados 42 dias).
clínica reabilitação
Além disso, em uma Avaliação das Ações de Atenção à Saúde Mental, executada em 2005, foram relatadas as condições precárias oferecidas pelos hospitais psiquiátricos conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a avaliação, estes hospitais apresentaram instalações físicas desgastadas e a inexistência de um projeto terapêutico que fosse além da utilização de medicamentos (Tribunal de Contas da União, 2005). Em função disso, os modelos de tratamento necessitam de tipos de intervenções, que incluam diversas estratégias de abordagem do problema, considerando elementos biológicos, psicológicos e sociais (Kaplan et al., 2007). Quanto às expectativas após o término da desintoxicação, encontrou-se grande parte do conteúdo das entrevistas relacionadas ao trabalho e aos estudos, sendo mencionada ainda a busca por uma vida normal e o abandono definitivo da droga.

Pode-se dizer que tal abandono está vinculado com o início do tratamento pelo fato de os usuários mostrarem-se conscientes de que estão viciados e precisam esquivar-se da droga. Isto é referido por Rigotto e Gomes (2002), ao destacarem que estar consciente dos problemas ocasionados pela dependência e reconhecê-los como tal tem papel fundamental para a recuperação e para conseguir manter-se em abstinência. Sobre o motivo da internação, a característica marcante que apareceu nas entrevistas, a busca por mudanças, ocorre como uma consequência do abandono da droga. Percebe-se que essa transformação engloba mudança de vida e de hábitos e, ainda, pode trazer-lhes melhora na saúde já que a droga é vista como uma doença.
Nossa experiência com pacientes adictos demonstra que este recurso terapêutico é necessário, inclusive na modalidade involuntária, nos casos onde o usuário corre sério risco de vida e/ ou coloca em risco a vida de terceiros. Do mesmo modo, situações onde o usuário começa a praticar pequenos delitos, furtar objetos em casa para trocar pela droga, delapidar o próprio patrimônio ou o da família, a internação deve ser considerada como medida de contenção e redução de danos. O dispositivo da internação psiquiátrica, no tratamento de usuários de álcool e outras drogas, tem indicações e contraindicações precisas, devendo ser avaliada e solicitada por um profissional especializado, que levará em consideração as especificidades de cada caso. Vale destacar que os resultados positivos de todos os tipos de tratamentos também dependem da determinação e força de vontade do dependente químico em superar o vício e não cair em tentação.